Por Daniel Ramalho
Ter diabetes está longe de ser fácil. Frustrações, decepções, falhas, surpresas desagradáveis, são palavras e expressões que fazem parte do cotidiano de quem convive com qualquer enfermidade crônica. Definitivamente, por mais que tenhamos um ótimo controle glicêmico, não há como ser infalível e não podemos controlar quando essas tristes questões poderão nos atingir, mas, a notícia boa é: podemos perfeitamente controlar nossas reações diante de tais problemas, ajudando, assim, a solucioná-los.
Em nenhum âmbito da vida conseguimos controlar absolutamente todos os acontecimentos. Por mais que sejamos competentes, trabalhadores, amáveis com os outros, atenciosos com nossa família, ninguém está livre de cometer falhas, ceder ao cansaço, decepcionar-se com pessoas queridas, ser injusto com um parente. Mas a chave dessa questão pode ser uma simples pergunta, o que não quer dizer que tenha uma simples resposta: como estou reagindo às dificuldades da vida?
Lidando com o diabetes, torna-se ainda mais complexo obter uma resposta a tal pergunta, pois soma-se aos desafios naturais da vida e do convívio social, a rotina de cuidados e responsabilidades para mantermos a glicemia equilibrada a maior parte do tempo. Estresse, revolta, desânimo, depressão, paranóias (no sentido popular do termo), são apenas algumas das consequências de quando reagimos negativamente aos nossos mais duros embates e em cada uma delas podem estar presentes questões como:
- A autopiedade, ou o vitimismo, que, na prática, pode nos levar à revolta, à espera de que alguém, algo ou alguma divindade resolva nossos problemas por nós e até à falta de esperança por dias melhores;
- A cobrança excessiva por resultados pode nos desanimar pouco a pouco diante das frustrações, além de desencadear ou alimentar a raiva ou tristeza por ter que lidar com o diabetes;
- A falta de conhecimento sobre a disfunção, que acaba ajudando a proliferar mitos e preconceitos sobre o diabetes. Pode nos levar a colocarmos em risco nossa própria vida, quando, na ânsia de encontrarmos uma solução fácil e milagrosa para o problema, aceitamos chás e curandeirices como opções de tratamento, em lugar de seguirmos o que é prescrito pelos profissionais de saúde: medicamentos, bons hábitos alimentares e atividades físicas regulares. Com a frustração causada pelos “métodos” ineficazes, a ignorância torna-se porta de entrada para a própria vitimização, revolta e abandono do tratamento.
Mas e se em lugar de estarmos prontos para xingar, gritar, esbravejar, amaldiçoar ou nos entristecermos a ponto de ficarmos paralisados, passássemos a ver nossas frustrações como oportunidades de crescimento? E se adotássemos a gratidão como uma prática diária e uma ferramenta para facilitar uma visão mais positiva da vida?
Quando falo sobre gratidão, algum desavisado pode logo se perguntar: “Esse cara está querendo que eu agradeça por ter uma doença?”. Não. Definitivamente não. Mas devemos nos perguntar, se alguma vez já nos permitimos enxergar conquistas que só foram possíveis devido ao diagnóstico do diabetes ou se damos o devido valor a caminhos e mudanças construtivas em nossas vidas, que tenham sido ocasionadas pelo amadurecimento causado pela rotina com a disfunção.
Ao longo desses quase 3 anos com o blog DIABETES ESPORTE & NATUREZA e envolvido com ações, publicações, outros autores de blogs, estudos e atividades acadêmicas que abordam o tema, escutei e li de muitas pessoas suas reclamações e lamentos, mas foram poucas as que me relataram experiências e visões otimistas sobre seu convívio com o diabetes.
Alguns pessimistas poderiam dizer que trata-se de uma coincidência, mas a verdade é que não foi por acaso que quase a totalidade das pessoas que conheço e que enxergam o diagnóstico de diabetes como um ponto de partida para uma transformação pessoal, realizam um bom controle glicêmico, buscam frequentemente motivar-se no enfrentamento do diabetes, são pessoas de sorriso mais fácil e sempre estão dispostas a ajudar a outros que não conseguem adotar essa postura diante da vida com a disfunção.
Estou convencido, não apenas por essas pessoas, mas por minha própria experiência pessoal e estudos realizados na área da Psicologia Positiva e do Coaching, de que o otimismo pode e deve ser uma poderosa arma na rotina de quem convive com o diabetes, e o melhor de tudo: pode ser aprendido se praticado com dedicação e informação.
Ao criar o DIABETES ESPORTE & NATUREZA, fui movido por um grande desejo de ajudar a quem pretende ver a vida com outros olhos, o que julgo ser o fruto de uma trajetória totalmente guiada pela busca da felicidade e do bem-estar. Fiz de minha infância, juventude e vida adulta, uma coleção de momentos otimistas e felizes, em meio a uma jornada, como a de todos, repleta de desafios, desilusões, tristezas, dramas, frustrações, dores e responsabilidades, mas sempre seguindo em frente, parando, nas horas mais difíceis, apenas para tomar um fôlego e viver meus lutos.
Pouco tempo depois da criação do blog, produzi e lancei, com a participação dos amigos que o seguiam (até então o DIABETES ESPORTE & NATUREZA também contava com um grupo no Facebook, além da Fanpage atual), o vídeo “Nós Podemos Tudo – Superando o Diabetes” e o retorno foi tão positivo que a partir dali notei que, apesar de uma carreira sólida de 20 anos na educação, me aproximava do momento de alçar novos voos.
Dito e feito: foram algumas palestras, muitos posts, muitas horas em sala de aula, várias amizades novas, experiências inesquecíveis e lutas complicadas, mas nos aproximamos do lançamento de um projeto elaborado com muito carinho, amor e dedicação: o DIABETICOACH.
Na verdade, o DIABETICOACH já está sendo executado e encontra-se em fase de testes, avaliações e aperfeiçoamento, faltando muito pouco para ser efetivado e disponibilizado ao público que se interesse por desenvolvimento pessoal e ganho em qualidade de vida.
O objetivo é o mesmo de sempre: ajudar a quantos possa na superação e convivência com o diabetes, trabalhando e fazendo a minha parte na construção de um mundo melhor.
Aguardem: DIABETICOACH vem aí!
Grande abraço,
DANIEL RAMALHO
DIABETES ESPORTE & NATUREZA
Top.
Você é um exemplo pra mim e pra várias pessoas e acredito também que o positivismo é a melhor maneira de viver.
Obrigado, Janaína. Na vida damos demasiada importância à negatividade e ao discurso vitimista. Precisamos ver a vida com mais positividade e vencermos o stress, a ansiedade e a depressão, que na minha opinião são os maiores vilões da vida atual e que afetam diretamente nossas glicemias.
Vamos que vamos, sem medo de sermos felizes.
Grande abraço.