imagem RIO 2016: TORCENDO SEM REMORSO

Por Daniel Ramalho

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Visita ilustre no trabalho!

Sendo o criador de um blog que defende a utilização dos esportes como aliados no tratamento do diabetes, pensei muito antes de publicar minha opinião sobre a realização dos Jogos Olímpicos de 2016 na cidade onde vivo, mas hoje me senti na obrigação de me posicionar a respeito do tema.

Não pretendo causar polêmicas nem discutir com quem se oponha ao que penso, visto que entendo o argumento de todos os lados e em toda essa confusão envolvendo valores, política e interesses, mas tampouco se deve esquecer nossa identidade e a oportunidade de se aproveitar o evento para incentivar a educação e a prática esportiva.

Há um conflito no ar… Melhor seria dizer que é um conflito interno no coração e na mente de quem curte esportes no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro: apoiar ou não os Jogos Olímpicos de 2016.

20160726_141902É bem verdade que de nada adianta tentar boicotar os jogos às vésperas de começarem, pois entendo que os protestos deveriam ter sido feitos antes da candidatura e de nossos representantes assumirem o compromisso de sediar a festa. Cancelá-los agora – o que muitos defendem, mas que trata-se de algo praticamente impossível – NÃO apenas NÃO aliviaria as contas da administração pública, como pioraria ainda mais a situação calamitosa na qual nossos governantes nos meteram: o que se gastaria em indenizações e, para piorar, o prejuízo na perda total de prestígio para investimentos futuros de outras economias em nosso país, nos levaria a algo muito mais profundo do que o fundo do poço no qual estamos.

E tanta oposição justamente na hora em que se receberá o retorno dos milhões que foram gastos? Não faz sentido.

20160726_141948A verdade é que a maioria dos praticantes e admiradores do esporte estão tão revoltados como qualquer um com nossa situação política e econômica, mas com um certo receio de assumirem que gostam dos Jogos porque o discurso mais difundido atualmente é o de que a crise atual tem como única razão a realização das Olimpíadas no Rio de Janeiro.

Tal pensamento – muito forte, diga-se de passagem – é totalmente compreensível tendo em vista as condições precárias e vergonhosas da educação e da saúde pública no Brasil, mas não podemos colocar na conta de um ou outro evento o crédito desse absurdo: é todo um processo de décadas de tolerância à corrupção, ao jeitinho brasileiro e de grande passividade de nosso povo, que ficou por mais ou menos 20 anos sem realizar uma grande manifestação popular nas ruas.

Acredito ser de suma importância manifestarmos, ainda que tarde, nossa insatisfação com a administração pública no que se refere às prioridades dos gastos em torno de eventos do tamanho dos que temos recebido em nosso país nos últimos anos, além dos supostos superfaturamentos de obras em torno destes.

Precisamos exigir que nos respeitem, que priorizem nossa saúde e educação e que eventos desse porte não mais sejam realizados em Terra Brasilis até que finalmente conheçamos um pouco da tão falada justiça social.

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2 meses lidando com a falta de seringas ou com modelos impróprios para aplicação de insulina.

Precisamos mostrar que estamos fartos de pacientes jogados nos corredores dos hospitais como se fossem lixo, da falta de medicamentos e insumos nas farmácias do SUS (eu mesmo não recebo seringas há dois meses), de crianças fora das escolas e políticas educacionais “para inglês ver”.

Acredito que de uma forma ou de outra, estamos fazendo isso desde 2013, quando acordamos de longa hibernação, mas se agora o fazemos, que colhamos os resultados mais adiante, porém sem deixar de agir, também neste momento, como fazemos em casa ao recebermos um convidado: deixemos as brigas internas onde devem ficar e recebamos nossa visita com educação, cordialidade e alegria.

Eu quero que meu país seja capaz de tratar seus cidadãos de forma justa, que ninguém mais morra na fila do SUS esperando atendimento, que nenhuma criança fique sem uma educação de qualidade E QUE TODOS SE ENVOLVAM NESTAS CAUSAS EM LUGAR DE APENAS PUBLICAREM SUPOSTOS DESABAFOS EM SEUS PERFIS DO “FACE”, DIVULGAREM NOTÍCIAS E DADOS FALSOS OU PROCURAREM CULPADOS EM VEZ DE ASSUMIREM SUA PRÓPRIA NEGLIGÊNCIA E PASSIVIDADE.

Escrevo essas palavras libertando-me de um remorso que insistem em querer nos impor e com a tranquilidade de quem está fazendo seu papel na luta por um Brasil melhor, que leva pedradas de vários lados, mas que não se entrega e segue em frente sonhando com um país em que todos tenham serviços de qualidade que correspondam aos altíssimos impostos que pagamos diariamente.

Precisamos lutar por nossos direitos sim, mas também devemos mostrar ao mundo que somos um povo que está amadurecendo, que não vaia o hino dos outros, que respeita seus compromissos e que continua sabendo receber muito bem seus convidados.

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Família e esporte: uma relação muito estreita em minha criação.

Hoje recebemos em meu trabalho a visita de uma das tochas das Olimpíadas do Rio de Janeiro-2016 e fiquei muito feliz em poder carregar um pouco o símbolo maior de um evento que tanto me emociona e que curto desde as Olimpíadas de Moscou, ainda criança, em 1980.

Como trabalho em uma escola, aproveitamos essa “visita ilustre” para atividades pedagógicas muito animadas para alunos, professores e funcionários do estabelecimento.

Não, eu não hostilizarei toda e qualquer informação positiva, vitória dos atletas, êxito dos jogos, nem tampouco vibrarei a cada derrota ou vergonha que a organização nos fizer passar.

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Olimpíadas inspirando atividades pedagógicas

Torcerei para que tudo transcorra com muita paz, que as ameaças terroristas não se confirmem e que o sucesso dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos sirva de inspiração para começarmos a reconstrução de um país arrasado pela irresponsabilidade, a corrupção, a criminalidade, a impunidade, a passividade, a negligência e o vitimismo.

Que comecem os jogos RIO 2016! Que as Olimpíadas e Paralimpíadas inspirem a muitos no sentido da prática esportiva, da educação e do respeito! Que logo após iniciemos um grande movimento de recuperação de nossa terra, de nosso povo, de nossos valores e, principalmente, de nossa autoestima.

Nada disso acontecerá se a maioria ainda continuar sentada no sofá se queixando. Assim como no controle do diabetes, na luta por nossos direitos precisamos ter ATITUDE!

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Vamos que vamos!

TORÇAMOS SEM REMORSO! FAÇAMOS BONITO NA FESTA E NA ORGANIZAÇÃO DO PAÍS!

Grande abraço,

DANIEL RAMALHO

DIABETES ESPORTE & NATUREZA


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