imagem UM POUCO DE LUZ SOBRE O DIABETES

Por Daniel Ramalho

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Muitos são os que acreditam que com os avanços nos últimos anos em torno do diabetes, no que se refere ao tratamento e medicamentos, cuidar da disfunção tornou-se uma tarefa fácil.

Obviamente, não é tão complicada como há algumas décadas, mas está muito distante de tornar-se “molezinha” conviver com a enfermidade, afinal, não é nada simples realizar várias aplicações de insulina todos os dias, furar os dedos, fazer uma dieta regrada, ter a obrigação de informar-se constantemente para conseguir fazer um bom controle glicêmico.

Não obstante, é inegável que hoje em dia sabemos muito mais sobre o tema, temos mais recursos, podendo assim usar a nosso favor um leque de opções bem maior para tornar essa convivência mais pacífica e harmoniosa.

Mas se é tudo tão menos complicado, porque ainda vemos tantos casos de controles glicêmicos insatisfatórios e pessoas com complicações graves do diabetes?

Infelizmente não podemos desprezar o fato de que no Brasil, em pleno século XXI, boa parte da população ainda não possui acesso à internet, o que facilitaria muito a difusão de informações de qualidade e, consequentemente, aumentaria a preocupação em cuidar-se para evitar tais complicações.

Tampouco podemos ignorar os fatores econômicos: no Brasil ainda considera-se caro o tratamento e, apesar de ser um direito constitucional de cada cidadão receber o material necessário para cuidar de sua saúde, na prática são muitos os que não são contemplados com o apoio dos governos municipais, estaduais ou federal, além daqueles que diariamente tentam buscar insulina e insumos na unidade de saúde pública e não o conseguem, seja por estarem em falta, por uma interpretação errônea e tendenciosa da legislação ou por puro capricho burocrático.

Desta forma, seria lógico afirmar que a parcela da população que possui acesso a informação, tem um bom poder aquisitivo ou se beneficia da distribuição gratuita de remédios, insulinas e insumos realizada pelo sistema público de saúde, possui ótimos resultados glicêmicos e estão com o diabetes controlado. Certo?

Errado!

Ainda são muitos os que não buscam informações e não enfrentam o diagnóstico, preferindo dissimular, fingir que não têm diabetes. Outros se revoltam, como se essa atitude resolvesse alguma coisa, e não aceitam o tratamento, ignorando a dieta, não seguindo a prescrição médica, continuando sedentário e o que é pior: por muitas vezes abandonam o tratamento e deixam-se influenciar por mitos ou curas milagrosas, largamente difundidas e facilmente encontradas em inúmeras páginas da web, oferecidas a preços “módicos” por charlatões e sem nenhuma comprovação científica.

Uma certa auto-piedade também influencia muito negativamente a quem resiste ao diagnóstico, sem aceitar sua nova realidade, ou àqueles que já convivem a mais tempo com a disfunção, mas que encontram-se em um momento de maior sensibilidade no tocante à sua rotina de cuidados.

Momentos de rebeldia são comuns a quem convive com o diabetes. Nenhuma pessoa está livre de levantar-se em determinado dia, exausto de tantos cuidados, e “enfiar o pé na jaca”. Porém, esses momentos não podem ser muito frequentes ou durarem tanto a ponto de prejudicar e comprometer seu tratamento.

Enfrentar os desafios deve ser a postura constante de todos que convivemos com essa disfunção. Devemos tentar aplicar ao máximo os conhecimentos adquiridos com essa convivência e com a busca de informações.

Ninguém está livre de falhas! Todos falhamos diariamente em algum momento, mas não podemos nos esconder atrás dessas falhas, como se fossem desculpas para todos os deslizes. Devemos assumi-las e aproveitarmos a oportunidade para reflexão e amadurecimento, o que faz lembrar as palavras do filósofo grego Platão:

“Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz”.

Não podemos passar a vida nos escondendo de nossa realidade. Não podemos aceitar a escuridão como um lugar cômodo para se viver. Conhecer, aceitar nossa condição e fazer de tudo para melhorá-la são requisitos necessários para se viver plenamente e encontrar a luz a que se refere o filósofo.

Só através da aplicação do conhecimento adquirido das formas descritas acima, poderemos transformar o diabetes em um desafio que, apesar de, a priori, desagradável, nos eleve mentalmente rumo à felicidade e à resiliência. 

Vitimismos fazem da escuridão um lugar aparentemente agradável, afinal, só não sente falta de algo, no caso uma visão mais positiva da vida, quem nem imagina que ela existe. Viver negando-se a chance de descobrir uma nova forma de se encarar o mundo, alimentando um sentimento de pena de si e revoltando-se com o destino supostamente cruel que sua vida lhe impôs, perdoem-me se incomodo, mas é o mesmo que morrer sem que o coração deixe de bater. 

Deixemos todos de temer a tal luz. Após um tempo na escuridão, em um primeiro momento ela pode até te cegar, mas logo abrirá uma nova vida diante de seus olhos, substituindo a auto-piedade por conquistas, a falta de ânimo por força, transformando a depressão e o sarcasmo em alegria constante. 

Vamos nos informar, iluminar nossas mentes e deixarmos de lamentar termos diabetes. Nós temos! Nada que possamos fazer agora mudará esta realidade. Portanto, acreditemos em nossa força e façamos de nossas vidas as melhores que pudermos! 

Vamos investir nossas forças naquilo que podemos mudar para melhor. Vamos forjar uma vida mais saudável com boa dieta, exercícios físicos regulares, respeitando nossos horários de alimentação, remédios, aplicações de insulina e, o mais importante de tudo, VAMOS INVESTIR NA LUZ, NA VIDA E NA FELICIDADE!!!

E vamos que vamos que vamos que vamos que vamos…

DANIEL RAMALHO


Daniel Ramalho Studio 002 DM1

Blogueiro, jornalista, pedagogo, pós-graduando em “Educação em Diabetes” e “Psicologia Positiva e Coaching”, esportista amador, músico e ator. Convive com o Diabetes Mellitus tipo 1 desde 09/07/2008.
Amante dos esportes radicais com ênfase em Surf, Bodyboard e Skate, além de praticante de ciclismo, natação e trekking, utiliza as atividades físicas como aliadas no controle glicêmico.
Profissionalmente dedica-se à composição de trilhas sonoras, administração escolar e ao jornalismo.


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