Por Daniel Ramalho
Muitas vezes ouvimos e até repetimos que conviver com diabetes e fazer atividades físicas só exige o controle glicêmico para não ter hipo. Mas como fica o resto, os cuidados que qualquer pessoa deve tomar? É… Não se pode esquecer disso, mas eu me concentrei demais no controle glicêmico, esqueci de outros cuidados e acabei errando nas duas questões.
Alguns diriam “quem nunca?”, confesso que até eu mesmo diria, mas dessa vez tomei um susto.
Pedalando
Como os seguidores do DEN nas redes sociais sabem, desde abril passei a me dedicar de uma maneira mais séria ao ciclismo. Minha evolução no esporte estava tão rápida que nem eu acreditava. Sofro muito subindo as ladeiras, mas até nisso estava melhorando bastante.
Minha maior preocupação era controlar a glicemia para não baixar de repente, mas não contava com uma questão: que meu receio com as hipos fosse tão grande nos pedais mais longos do que os de outros anos, a ponto de gerar várias hiperglicemias “inesperadas”, provocadas pelo excesso de carbs usados para evitar tais hipos.
Troquei oito por oitenta pelo excesso de zelo, mas certo dia, em um pedal até normal e rotineiro, senti uma estranha dificuldade e cansaço. Não restava dúvida, teria que encarar as hiperglicemias também e encontrar um equilíbrio. Embora utilize o Libre e um sensor de glicemia que se comunica com meu celular e relógio, em caso de subida ou descida rápida da glicemia, há um atraso nesse registro. É uma boa forma de se acompanhar as tendências durante o exercício, mas não se pode confiar apenas nesse recurso. Em tal momento, nada substitui o velho teste de ponta de dedo.
Sustos e Pedras
Adaptei um glicosímetro ao guidão da bike, uma speed, e já estava pronto para estrear minha “doce gambiarra”, mas no dia seguinte acordei com dores estranhas. Sabia que não era normal, pois a cada hora mudava de lugar, sempre na região abdominal. Me assustei logo de cara, pois pensei se tratar de um velho problema que não desejo que volte. Fui ao hospital e após alguns exames, tal hipótese foi descartada.
Foi um alívio, mas ninguém soube me dizer do que se tratava. Precisei de algumas semanas, a ida a mais um médico, mais exames e veio a confirmação de que teria que lidar com mais algumas pedras no caminho, ou melhor, nos rins. Hahaha!
Confesso que a essa altura já havia imaginado tanta coisa, que saber das pequenas pedras foi até gratificante. Claro, quando até os médicos têm dúvidas sobre o que você tem, a cabeça dá voltas e voltas. Não é?
Surpresa
Bom… Fiquei aliviado, as pedras eram pequenas, mas me perguntava se doeria ao sair, o que não aconteceu, mas toda essa questão me provocou uma reflexão: como poderia ter pedra nos rins se sempre bebi muito líquido? Passei a avaliar meus hábitos ao ingerir tais líquidos e notei que vinha tomando pouca água. Água pura mesmo, pois de outras formas consumia até demais: café, mate, água de coco, sucos e isotônicos. Mas simplesmente água pura, estava consumindo bem pouco. Para piorar, café, mate e isotônico exigem alguns cuidados no tocante aos rins e jamais podem substituir a boa e velha água.
BEBAM ÁGUA! “Ah, mas eu bebo isso ou aquilo”… ÁGUA! BEBA ÁGUA! Depois você pode decidir o que beber a mais, mas jamais esqueça a ÁGUA.
Aprendizado
Essa foi a razão de um silêncio, também inesperado, aqui no blog: estava encucado com minhas dores e pedras. Hahahaha! Mas vamos que vamos e já estou voltando às minhas atividades físicas e agora com o foco voltado para uma evolução também no equilíbrio das glicemias e na hidratação antes, durante e depois dos treinos.
Sim, desafios, dificuldades, medos, quedas, sustos e muitas outras coisas que não queremos fazem parte da jornada de todo ser humano. Mas o bom é que as vitórias, conquistas, alegrias e sonhos também. Tudo isso vale qualquer esforço se a recompensa sempre será evolução, energia, força, humildade e crescimento.
Bora! Vai ficar aí parado? Informe-se, levante do sofá, calce seu tênis e vá à luta. A vida é muito melhor quando não gastamos muito tempo com lamentações e corremos atrás dos nossos resultados sonhados.
Grande abraço,
Daniel Ramalho
Diabetes Esporte & Natureza
Daniel Ramalho tem diabetes tipo 1 desde 2008, é jornalista, pedagogo, tradutor e professor de espanhol. Esportista amador e criador do blog Diabetes Esporte & Natureza, utiliza os esportes como parte do tratamento do diabetes e desde 2014 atua na pela causa Diabetes através das mídias digitais, palestras, trabalhos em parceria, projetos independentes, além de associações de diabéticos em nível nacional.