Como o mundo atual e as redes sociais afetam nossas emoções e glicemias? O que fazer na busca pela tão sonhada leveza?
Por Daniel Ramalho
Existe uma meta que todos nós deveríamos traçar para nossas vidas: a leveza. Quando digo isso, não me refiro a viver no mundo da lua, alienado de tudo ou fingindo que o mundo é cor-de-rosa. Viver com leveza é saber que as adversidades certamente nos alcançarão, mas que não nos abaterão. Pelo menos não a ponto de trancarmos a cara e adotarmos a desconfiança sobre tudo e todos como norma de sobrevivência. É aceitar os desafios, resolvê-los com determinação e continuar recebendo a luz da vida através de boas ações, compreensão, amor, lealdade às pessoas que queremos bem e, principalmente, ao nosso bem-estar.
Redes Pesadas
Nesses tempos em que deixamos cada vez mais as relações humanas para o que chamamos de “convívio eletrônico”, esse pensamento torna-se ainda mais importante. Engana-se aquele que ainda insiste em pensar que sua vida virtual não influencia a real, física. Ainda mais levando-se em consideração a bipolaridade que vemos todos os dias nas redes sociais. Engana-se ainda mais aquele que tem diabetes e pensa que o que passa pelas redes não afeta suas emoções e, por consequência, suas glicemias.
Com alguma frequência vemos amigos de longa data se desentendendo através dos meios eletrônicos, rompendo relações de anos por simplesmente pensarem de forma diferente sobre determinado assunto. Mas será que antes dos orkuts, facebooks, instagrams, snapchats isso não acontecia? Claro que sim. A diferença é que quando nos relacionávamos fisicamente com as pessoas mais do que virtualmente, tínhamos o hábito de debater assuntos e respeitar opiniões sem o radicalismo que vemos nas telas de nossos computadores, smartphones e tablets. Havia alguns elementos que hoje em dia estão cada vez mais raros: bom senso, tolerância e respeito.
O Poder das Palavras
Ao escrever as linhas acima, não me deixo atacar por um surto de amnésia. É óbvio que tudo o que aparece nos discursos inflamados das redes sempre esteve presente no convívio entre seres humanos desde os nossos ancestrais. Se não fosse assim, não teríamos tantas guerras, violência, difamações, injustiças e preconceitos na história da humanidade. Mas desde que nós, cidadãos comuns, recebemos da internet o poder de publicarmos nossos pensamentos e intimidades com a mesma naturalidade de alguém ao escovar os dentes, passamos a crer somente em nossos direitos de expressarmos o que sentimos, pensamos e defendemos, sem nos importarmos com o dever de respeitar a quem está lendo nossas palavras, assistindo nossos vídeos ou áudios. É como se sentíssemos que estamos agindo da mesma forma de antes, porém com mais alcance e desenvoltura.
A Leveza da Empatia
O convívio social pacífico exige que tenhamos um pouco mais de papas na língua ou nos dedos que teclam e dão forma às nossas reflexões. O discurso do “digo a verdade doa a quem doer” pode até ser muito bonito moralmente falando, mas nos traz mais problemas do que alívio por termos nos expressado. Dizer a tal verdade nua e crua, sem o mínimo tratamento ou cuidado, pode ferir os sentimentos de quem gostamos, humilhar pessoas sem a mínima necessidade, arrasar as reputações e as vidas pessoais ou profissionais de outras sem nem ao menos nos importarmos se o que dizemos é realmente a verdade.
Enfim, devemos refletir mais sobre o que postamos, cuidar melhor dos sentimentos daqueles que nos amam e, mesmo que não gostemos de determinado “mala”, não temos o direito de transformar sua vida em um inferno.
Estamos engatinhando nesse mundo de infinitas possibilidades que é a internet. Precisamos estar mais atentos ao que publicamos e como publicamos para que não nos machuquemos e tampouco a outras pessoas que têm vidas privadas, reputações, problemas e dificuldades como todos nós.
Uma Questão de Saúde
Ninguém deve se calar diante de uma injustiça ou situação constrangedora. Expressar nossos sentimentos é uma questão importantíssima para saúde física e mental, mas cuidar de nosso discurso também é uma forma de cuidar da mente, do corpo e, obviamente, do diabetes.
Espalhemos mais amor pelas redes sociais. Deixemos de lado as intolerâncias e picuinhas virtuais. Vamos tentar compreender melhor a quem está do outro lado da tela e dos teclados. Não adianta defendermos um mundo melhor se não respeitarmos opiniões adversas.
Nossa glicemia nunca vai se aquietar se não pararmos de entrar na internet para alfinetar aquele desafeto ou atacarmos uma pessoa que não teve acesso ao mesmo conhecimento que nós. A verdadeira empatia traz essa leveza. O orgulho e o individualismo, jamais.
Sejamos mais leves e a felicidade sempre nos rondará.
Viver com leveza é tolerar, amar e respeitar.
Pensem nisso a cada palavra proferida. Se o respeito e o amor não forem motivos suficientes para lhe acalmar, faça-o por si. Sim, por você e seu controle glicêmico.
Muita luz, paz, amor e sucesso a todos.
Grande abraço,
DANIEL RAMALHO
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Muito boa a reflexão !
Obrigado, Diana. É sempre bacana receber esse feedback por aqui, porque geralmente só recebo no Facebook. Escrevo com muito prazer e espero ajudar a quantos puder com minhas palavras e ações. Grande abraço!