imagem DOCE PATERNIDADE: ADAPTANDO O CONTROLE

Por Daniel Ramalho

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Por que um dia que começa mal deve terminar mal? Claro que não!!!

Minha última postagem tem a data de 04 de maio de 2016… Pode parecer que simplesmente deixei de escrever por falta de motivação, interesse, mas às vezes o que simplesmente parece, muito nos engana. É como naqueles dias em que a glicemia, do nada, resolve colaborar e que alguns chegam a crer que estão curados (Rs). Ledo engano… Outras vezes simplesmente nos levantamos pensando em como passamos bem a noite e que a glicose está super controlada no sangue, mas tomamos um susto com a glicemia de jejum… A vida é assim mesmo: cheia de enganos e surpresas.

Aquele 05 de maio amanheceu parecendo que seria um dia terrível. Acordei com uma hipoglicemia e tinha dores lombares que me impediram de fazer meus exercícios naquela manhã. Fui obrigado a ficar deitado para que passassem as dores, sem poder ir trabalhar na parte da manhã para me cuidar. Para coroar o dia, justo quando me sentia um pouco melhor, logo no início da tarde, e me preparava para ir trabalhar, minha esposa, grávida de 37 semanas, me liga e diz: “minha pressão está alta e tenho que ir para o hospital”.

Fiquei ainda mais tenso e comecei a mudar os planos. Alguns minutos mais e nova ligação. Era ela dizendo que em lugar de ir ao hospital, iria ao consultório de sua médica e que eu esperasse nova ligação.

Quase uma hora depois, “Amor, ela vai nascer hoje”, disse Andy ao telefone. Nessa hora, por volta das 15h, a tensão triplicou, mas veio acompanhada de uma enorme sensação de êxtase.

Aquele dia horrível e estranho acabara de se transformar no DIA MAIS FELIZ DE MINHA VIDA!

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Diabetes e a paternidade: uma grande responsabilidade pode ficar ainda maior e você amar que seja assim.

Às 21h15 deixava de ser um filho para me transformar no pai mais babão que já houve e com um novo desafio pela frente, além da paternidade: controlar a glicemia diante das mudanças que estavam por vir e que já começariam naquela mesma noite!

Obviamente, com tantos afazeres e adaptações, como administro sozinho o blog, era claro que teria que me dar umas férias. Resisti à ideia, mandei um vídeo gravado no quarto da maternidade para me representar em um evento onde iria palestrar e continuei tentando fazer alguns posts no Facebook, mas a cada tentativa era interrompido pelo chorinho mais lindo do mundo ou por uma mãezinha dedicada, mas de “primeira viagem”, que precisava muito de mim naquele momento. Cedi. Tirei as tais férias. Hahaha!

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Jogo de cintura, capacidade de adaptação e paciência: fatores essenciais para quem tem diabetes e para quem tem filhos.

Hoje, 22 dias após, chegou a hora do balanço e de voltar ao trabalho que tanto gosto.

Foram dias com muitas novidades, poucas horas de sono, bagunça nos horários, mas que consegui manter um controle bastante satisfatório, ficando um pouco a desejar apenas nos últimos três dias.

O fator mais complicado com essa mudança radical em minha vida foi justamente a questão de horários: seguir à risca as horas de aplicação de insulina e de alimentação quando se tem um bebê recém-nascido e muitas visitas chegando e saindo da maternidade ou de casa é realmente um desafio e tanto. Um certo jogo de cintura e uma boa dose de bom senso na hora de comer ou fazer correções da glicemia foram questões importantíssimas nesses dias. O conhecimento adquirido sobre o diabetes até aqui também foi fundamental no momento em que era inevitável atrasar uma refeição, adiantar outra ou quando alguém, tentando agradar, lhe trazia aquele quitute fora de hora… Não foi mole! Rs.

20160512_164025Uma questão que pais e mães de bebês devem redobrar a atenção é quanto ao risco de hipoglicemia. Se ela ocorre de forma assintomática e estamos com o bebê no colo, podemos não apenas nos colocar em risco, mas também à criancinha. Acabei me dando conta desse problema já no primeiro dia de nascimento de minha filha. Por sorte estou sempre atento ao menor sinal de hipos e ao primeiro sintoma já a passei para minha esposa e logo após confirmei que estava com a glicemia a 61 mg/dl.

Nessa hora nos damos conta de que aquele pequeno ser depende tanto de nós, que até se nós passarmos mal, ele também sofrerá as consequências. Foi nesse momento que me dei conta de que minha responsabilidade havia aumentado não apenas com minha filhinha, mas comigo também: agora represento para alguém a fortaleza e o apoio que meus pais representam para mim. Nooooossa!!!!! Que responsabilidade! Preciso me cuidar o máximo que puder.

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Diabetes e a paternidade: um casamento que pode dar certo

Outro ponto ao qual devemos estar sempre atentos diz respeito às famosas noites em claro para quem acaba de ter filhos: não podemos perder os horários de aplicação da insulina ou do desjejum, pois o controle de um dia inteiro pode desandar justamente por esse pequeno detalhe. É muito fácil que se começarmos o dia sendo desleixados com os horários alegando ser uma situação excepcional, deixemos de lado o controle do resto do dia. Fiquemos todos atentos, pois a paternidade ou a maternidade não é algo passageiro. Nada de desculpas ou de “Ah! É só hoje”! A tentação é grande, mas não devemos ceder.

Foram 22 dias de muita emoção, muita confusão de horários, glicemias das mais variadas e durante os quais aprendi muito, não apenas sobre ser pai, mas no que diz respeito às adaptações e readaptações na vida para que nosso controle glicêmico não seja prejudicado.

Quanto ao resto, ser papai é algo incrível, é apaixonar-se todos os dias por uma criaturinha mínima, que chora muito e te dá um trabalhão, mas que à menor olhadinha ou manha derrete seu coração levando lágrimas aos olhos.

Permitam-me uma pequena observação que por mais que alguém não concorde, não poderá me convencer do contrário neste momento: sou o cara com diabetes mais feliz e babão do mundo! Hahahaha!

E dizer que tudo veio após um dia que começou ruim e que parecia que também terminaria assim…  Parecia, mas não foi.

Grande abraço!

We’re Back!


Daniel Ramalho Studio 002 DM1
Daniel Ramalho

Pai, blogueiro, jornalista, editor do Blog Diabetes Esporte & Natureza, pedagogo, pós-graduando em “Educação em Diabetes” e “Psicologia Positiva e Coaching”, esportista amador, músico e ator. Convive com o Diabetes Mellitus tipo 1 desde 09/07/2008.
Praticante de esportes radicais com ênfase em Surf, Bodyboard e Skate, além de SUP (stand up paddle), ciclismo, natação e trekking, utiliza as atividades físicas como aliadas no controle glicêmico.
Profissionalmente dedica-se à composição de trilhas sonoras, administração escolar e ao jornalismo.


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