imagem É TANTA COISA PRA RECLAMAR, MAS…

Por Daniel Ramalho

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Há algo melhor do que, depois de um dia exaustivo e estressante, verificar sua glicemia na hora de sempre e constatar que está tudo sob controle? Você certamente responderá que há e talvez esteja certo… Bem, com certeza está (rs). Mas é inegável a sensação de dever cumprido, a felicidade e o orgulho que se sente ao conviver com o diabetes e, após uma furadinha de dedo, a espera de um instante que parece eterno e um pequeno bip, um aparelhinho lhe dizer que você soube se cuidar hoje.

Esse momento é tão intenso e gratificante que, após constatarem minha felicidade com uma glicemia abaixo de 100 mg/dl, alguns amigos passaram a me pedir, com alguma frequência, que faça o teste glicêmico na frente deles, como se fosse uma grande diversão. Claro que não o faço com esse propósito, afinal as fitinhas são caras e o SUS não as fornece para brincadeiras, mas fico muito feliz com essa reação deles, pois eu os fiz enxergar o teste desta maneira positiva.

Desde o diagnóstico, após um breve instante de incredulidade, dúvidas, medo, revolta e negação, notei que a melhor forma de encarar toda essa realidade desgastante se resumia a uma simples pergunta que sempre me deveria fazer: O que posso aprender com isso? Bastou perguntar-me uma vez para que toda a minha vida se transformasse.

Passei a realizar coisas inimagináveis antes do diabetes, livrei-me do que me travava a vida, conquistei muitas coisas até então inatingíveis, mas tudo isso só foi possível graças às vitórias e às derrotas que tenho diariamente diante do glicosímetro.

A alegria testemunhada por tais amigos, poderia ter sido um simples olhar ou comentário do tipo “agora está bem, mas daqui a pouco vocês verão que desgraça que é essa doença”… Poderia! Claro que poderia! Mas preferi, em lugar de me queixar ou maldizer o diabetes, refletir, viver, sentir e aprender a notar que são as pequenas coisas da vida que nos fazem melhores, felizes e realizados.

Não sou melhor do que ninguém, muito menos um super-herói, apenas, como reles mortal, notei quanto tempo perderia chorando e vi que poderia fazê-lo o resto da vida sem mudar absolutamente nada de minha realidade.

Desta forma, decidi tornar-me senhor de minha vida em lugar de me acomodar em um lugar que me levaria ao desânimo e, consequentemente, à morte.

Muito se almeja a meta felicidade. Alguns dizem que ela é um prêmio que está ao final de um caminho. Para mim, ser feliz é uma conquista diária, presente nas pequenas coisas de nosso cotidiano. Fáceis ou difíceis. Geralmente difíceis. Quase imperceptíveis, mas intensamente presentes em nossas vidas.

Como diria Gandhi,

“Não existe caminho para a felicidade… A felicidade é o caminho”.

Encontrar o caminho da resiliência, transformar algo negativo, como uma doença, em ferramenta para uma transformação interior extremamente poderosa, me fez amadurecer, sentir-me mais forte, aceitar-me como sou, com virtudes e defeitos, enxergar e usufruir melhor o mundo ao meu redor, com toda a sua complexidade, diferenças, tragédias e maravilhas.

Pois é… Tudo isso por uma simples medição da glicemia. Tanta mudança positiva disparada por uma única pergunta. Tantas conquistas que só foram possíveis pelo surgimento de uma enfermidade e pelas derrotas que esta me impôs. Tantas lições aprendidas porque não me fechei à possibilidade de encontrar respostas que não me agradassem, nessa eterna busca pela verdade de quem somos e de qual seria a nossa missão.

Hoje eu aprendi a me defender um pouco mais dos efeitos negativos do stress e do cansaço em meu tratamento do diabetes. Nada disso seria possível se este dia houvesse sido tranquilo.

Logo, acreditem na possibilidade de que tudo tenha um lado bom. Isso não quer dizer que devemos sair por aí procurando problemas. Nãããão! Mas, às vezes, não há como evitar que eles apareçam. Se surgirem, devemos enfrentá-los com o mínimo de resmungos possível e o máximo de coragem que dispusermos no momento.

Permita-se conhecer-se! Faça-se suas perguntas! Seja você a sua resposta mais sincera!

Abra-se para a vida e feche-se para o pessimismo!

Seu coração e sua glicemia agradecem!

Grande abraço!


Daniel Ramalho Studio 002 DM1
Daniel Ramalho

Blogueiro, jornalista, pedagogo, pós-graduando em “Educação em Diabetes” e “Psicologia Positiva e Coaching”, esportista amador, músico e ator. Convive com o Diabetes Mellitus tipo 1 desde 09/07/2008.
Amante dos esportes radicais com ênfase em Surf, Bodyboard e Skate, além de praticante de ciclismo, natação e trekking, utiliza as atividades físicas como aliadas no controle glicêmico.
Profissionalmente dedica-se à composição de trilhas sonoras, administração escolar e ao jornalismo.


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