imagem Foi dada a largada: SUS, aqui vou eu! Parte 2: A decepção

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O dia 4 de novembro de 2014 nasceu com muito sol e calor no Rio de Janeiro. Era o tão aguardado dia para finalmente ter minha primeira consulta no SUS. Levantei cedo, modifiquei toda a minha rotina de trabalho para que tudo pudesse transcorrer da melhor forma. Como a consulta havia sido marcada para um horário muito próximo ao meu almoço (quem é diabético sabe que precisamos respeitar esses horários para que possamos controlar nossa glicemia com êxito), cheguei mais cedo para almoçar bem em frente ao Centro de Municipal de Saúde Heitor Beltrão, na Tijuca.

Feita a refeição, havia chegado a hora que tanto esperava. Tirei a foto desse post todo feliz (sabe de nada, inocente! Rsrsrs), atravessei a rua, entrei no Posto de Saúde, sentei-me, fui recebido com muita simpatia e avisei ao atendente que estava ali para a consulta das 13h30. Até aí estava tudo bem… Mas de repente o semblante do rapaz mudou. Passou de simpático e sorridente a um ar de quem está meio surpreso com a minha presença, muito sem graça, um ar típico de quem vai dar uma má notícia. Diria até que ele temia minha reação à notícia que seria obrigado a dar.

Eis então que ele me diz que o médico não estava no Posto. Tentei argumentar, disse que havia marcado a consulta na semana passada, mas, visivelmente envergonhado, me perguntou se ninguém havia entrado em contato comigo para me avisar que o médico não poderia atender. Obviamente eu disse que não e percebi que minha consulta não sairia do papel naquele dia.

Esclareceu que outros funcionários avisaram a todos os pacientes daquele dia e que não sabia porque eu não tinha sido procurado.

Um sentimento de extrema frustração me invadiu, mas ainda assim mantive a calma. Afinal, era notório que o atendente em questão era tão vítima quanto eu da desorganização que ocasionou aquele problema e agora era ele que tinha que colocar sua cara diante de um paciente chateado.

Me saltou aos olhos toda a atenção e o cuidado que me era dispensado. Imediatamente ele pegou a minha ficha da consulta e foi averiguar se por acaso eu teria realmente o que almejava.

Alguns minutos depois voltou com a cara ainda mais sem graça, me pediu mil desculpas, mas disse que infelizmente o médico não estava mesmo.

Enquanto ele corrigia meu cadastro, pois constatou-se que não constavam meus números de telefone, foram muitos pedidos de desculpas pelo tempo perdido. Ele estava realmente constrangido com aquela situação a que o órgão para o qual trabalha o havia colocado.

Muito educado, sempre, marcamos uma nova consulta para o dia 13/11 (quinta-feira). E mais pedidos de perdão por aquela situação.

Fiquei realmente frustrado ao constatar que muito do que dizem é verdade: há alguma coisa estranha na organização da saúde pública que, por mais que haja profissionais competentes e educados, os impede de prestar um bom serviço.

Não precisei perguntar muito às pessoas se aquilo era normal. Logo me chegou a informação, por outra pessoa, que o médico havia sido deslocado para outro serviço. Essa pessoa o disse com certo receio que aquilo era desnecessário e que aquele médico poderia estar lá. Deixou também muito claro que a culpa não era dele, o médico, que ele apenas cumpria ordens da administração que o mandava a outros lugares e eventos, mas que infelizmente eu ficaria sem a minha consulta.

Vou resistir e não ficarei aqui especulando o que houve, nem muito menos julgar funcionários e médicos daquela unidade de saúde. Fui muito bem recebido por quem estava lá e quem não estava parecia não ter culpa. Mas ficou um ar de que o problema todo foi a falta de organização da qual padecem vários órgãos (inclusive privados). É revoltante que cidadãos que dependem desse serviço virem sua vidas ao avesso para estarem lá no dia e horário marcados e simplesmente não serem atendidos porque não há médico no local. Uma vez pode até acontecer, por mais que seja frustrante, inominável e irritante , mas veremos as próximas. A partir de um segundo “rolo”, começa-se a pensar no desleixo e falta de respeito. Por enquanto ainda está dentro de um nível “aceitável” de falhas.

Seja como for, em apenas duas visitas, já tenho uma frustração nessa jornada na qual me meti. Espero sinceramente que seja a única, pois como diabético e blogueiro, almejo com essa série de postagens, orientar a todos os leitores diabéticos do Rio de Janeiro, sempre também inspirando os de outras cidades e estados, sobre como proceder para fazer valer os seus direitos.

Repito o que disse no primeiro post da série: não estou aqui para defender ou depreciar o Sistema Público de Saúde. Muito pelo contrário! Espero poder contar nos próximos posts, histórias bacanas, de acesso fácil à saúde pública, mas não posso esconder os fatos. Se minha experiência deste dia foi muito frustrante, é minha responsabilidade registrar o que vivi.

MAS EU NÃO VOU DESISTIR!

Dia 13 estarei lá novamente e espero conseguir o que desejo e poder encorajar muitas pessoas a percorrer o mesmo caminho.

Não sou de “largar o osso” tão fácil, afinal vivo lutas diárias com o meu próprio corpo e aprendi com o diabetes que o nosso bem estar depende exclusivamente da nossa força de vontade.

Até lá, cuidem-se e lembrem-se sempre: NÓS PODEMOS TUDO!

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