imagem Foi dada a largada: SUS, aqui vou eu! Parte 1: Desvendando o caminho.

Cansado: mais pelo calor do que por dificuldades.

Olá, caros leitores!

Inicío hoje uma série de postagens sobre minha corrida atrás da ajuda do SUS, no Rio de Janeiro, para conseguir o fornecimento da série de medicamentos, produtos e insumos que nós, diabéticos, necessitamos para controlar nossa enfermidade. Aclaro que recorro ao programa por não suportar mais os altos preços que pagamos para mantermos a glicemia sob controle, tendo em vista que posso obtê-los gratuitamente através do Sistema Público de Saúde.

Sempre escutei falar que obter esse fornecimento era quase impossível, que não funcionava e que quem conseguia passava por uma verdadeira Via Crucis, mas recentemente tenho lido muitos relatos de pessoas que conseguiram esse benefício e me convenci de que tinha que, ao menos, tentar. Não sei qual será o resultado final desta busca, mas para poder emitir minha opinião, preciso viver na pele o que todos os diabéticos que já usufruem deste benefício passaram. Só então poderei escrever de forma segura o que é verdade e o que é mito nesta jornada.

Esta série não tem o intuito de defender ou depreciar o serviço prestado a quem recorre ao Sistema Público de Saúde (SPS). Que fique bem claro que não tenho nenhuma ligação com partidos políticos de qualquer espécie ou faço parte do governo, tampouco com órgãos de oposição ao mesmo. Trata-se apenas de relatos baseados em minha experiência, no Rio de Janeiro, para conseguir fazer valer um direito de todos os diabéticos: o de receber gratuitamente medicamentos e insumos relacionados ao tratamento da diabetes. Para saber mais sobre a lei que nos deu esse direito e outras relacionadas aos diabéticos, cliquem no link abaixo:

http://www.adj.org.br/site/internas.asp?area=9934&id=616

Sou diabético tipo 1 (DM1) há seis anos e já nos primeiros dias de tratamento notei que precisaria de uma pequena fortuna para comprar mensalmente todos os produtos e medicamentos necessários.

Há algum tempo ouvi falar que o governo poderia me fornecer parte deles e talvez até todos. Obviamente já me veio à cabeça as filas e as horas de espera em hospitais para consegui-los. Portanto, por puro comodismo, preferi não me arriscar, afinal o tempo é o que um diabético tem de mais precioso, levando-se em consideração os horários e rotinas que somos obrigados a seguir para maior eficácia de todos os cuidados relacionados ao diabetes.

Ao passar a frequentar os grupos de bate-papo dedicados aos DMs nas redes sociais e até ao criar um grupo no Facebook relacionado ao diabetes e atividades físicas, o “Diabetes, Esporte & Natureza”, notei que havia uma enorme quantidade de gente que já usufruía dos benefícios do SPS. Procurei me informar, mas alguns me relataram que havia muita burocracia a ser cumprida, conforme já esperava, e acabei desistindo.

Ontem, quando comprava insulina e tiras de medição de glicose, vi que uma senhora se comoveu com a minha cara de desânimo ao perguntar à atendente da farmácia sobre os preços. Minha cara deveria estar realmente péssima, pois imediatamente essa senhora me dirigiu a palavra.

Me perguntou porque eu ainda não havia procurado ajuda no SUS (Sistema Único de Saúde) e no IEDE (Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione-RJ). Expliquei que a burocracia me havia desanimado e ela passou a me relatar que havia recorrido aos dois órgãos para obter tudo o que era necessário para que ela cuidasse de seu pai, também diabético. Para minha surpresa, ela não poupou elogios ao programa de fornecimento de medicamentos e insumos e disse que recebia desde agulhas para a NovoRapid Flexpen, até aparelhos de medição e as próprias insulinas. Afirmou que também já havia pensado como eu, mas que viveu outra realidade quando necessitou buscar auxílio.

Aquela conversa me animou muito, pois só quem é diabético ou cuida de alguém com diabetes sabe o quão caro pode ser o tratamento e o controle se o paciente seguir à risca todas as recomendações médicas.

A partir daí tomei a decisão de apurar a verdade sobre tudo o que acontece ao recorrermos ao SPS para receber os produtos que necessitamos.

Hoje, 30 de outubro de 2014, acordei, cumpri minha rotina de cuidados com a saúde e fui atrás do que queria encontrar. Em primeiro lugar, fui ao Centro de Saúde Heitor Beltrão, mais conhecido como Posto de Saúde da Tijuca (R. Desembargador Izidro, 144). Lá chegando, fui prontamente atendido por um segurança que me indicou o lugar do atendimento e procurei o atendente. Muito simpático e solicito, me indicou a pessoa com quem deveria falar (o atendimento está organizado por atendentes setorizadas, que trabalham de acordo com a região da Tijuca em que o paciente vive), mas que estava em uma reunião e me pediu que esperasse um pouco. Alguns instantes depois, passei a ser atendido e em menos de 5 minutos já havia conseguido uma consulta para a próxima terça-feira. Neste momento já fiquei surpreso, pois esperava que a consulta fosse ser marcada para muito depois.

Alegria após sair do Posto de Saúde da Tijuca (Desembargador Izidro).
Alegria após sair do Posto de Saúde da Tijuca (Desembargador Izidro).

Feito isso, me dirigi ao Centro e já no Metrô notei que estava com sorte: fui sentado e num vagão com o ar-condicionado funcionando muito bem. Raridade! (risos)

Descendo na estação Central, caminhei até o IEDE (R. Moncorvo Filho, 90). Lá chegando fui atendido por um segurança e um atendente igualmente solícitos. Me senti em casa, pois já no primeiro contato os dois disseram que também eram diabéticos. Só essa informação já me deixou muito à vontade, pois é sempre bom sermos atendidos por quem conhece nossos dramas e cuidados.

Recebi a orientação de marcar a consulta no posto de Saúde (o que já havia feito) e que, quando chegasse o dia, informasse ao clínico do SUS que gostaria de ser registrado no IEDE. E que deixasse isso claro para não correr o risco de ter que retirar os insumos e medicamentos em algum lugar mais distante de casa. Além disso, que afirmasse que gostaria de ser atendido diretamente por um especialista em diabetes do IEDE, e não por um endocrinologista, pois, como já tenho o diagnóstico de DM1, se fosse encaminhado a um endócrino, este, por sua vez, me encaminharia a um especialista em diabetes. Em outras palavras, terei que ser claro na consulta para pular a etapa do endocrinologista, totalmente desnecessária.

Também gastei apenas cinco ou dez minutos no IEDE e já encontrei as respostas que queria, sem a burocracia esperada.

30out2014 (4)
Em frente ao IEDE: atendido por diabéticos! Nada melhor do que bater um papo com gente que entende os nossos dramas.

Conclusão: ou o processo não é tão complicado como parecia ou eu dei uma senhora sorte hoje, pois realmente não esperava ser atendido com tanta solicitude e presteza  após ter acesso a alguns relatos bem negativos sobre o atendimento em postos de saúde e hospitais do Rio de Janeiro.

Seja como for, só descobrirei se foi pura sorte na próxima terça-feira, mas fiquei muito animado com o que vi e vivi hoje.

Até semana que vem com mais um capítulo. Até lá, cuidem-se todos, não deixem de respeitar os horários da medicação, façam exercícios e curtam a vida, pois só assim poderemos dizer a quem nos pergunta se podemos comer isso ou aquilo, que…

NÓS PODEMOS TUDO!!!

30out2014 (7)
Isso foi muita sorte: Metrô vazio e com ar-condicionado forte na ida e na volta!
Cansado: mais pelo calor do que por dificuldades.
Cansado: mais pelo calor do que por dificuldades.

10 comentários

  1. Esse relato será muito importante para todos que, como você, necessitam recorrer ao SUS para obterem o que lhes é de direito por lei. Vamos em frente, Daniel! Boa sorte!

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